Carmen Lúcia Ribeiro contou sua história de superação em debate sobre o bullying, no Jornal do Piauí.
“Eu era estereotipada pelas amigas da minha sala. Elas diziam que eu era sapatão quando nem eu mesma sabia o que eu era. Aquilo me dava vergonha, eu ficava bastante deprimida”. A declaração é de Carmen Lúcia Ribeiro, 26 anos, que foi vítima do que hoje é chamado de bullying.
Atualmente, ela é uma das coordenadoras do grupo Matizes, que defende direitos e luta por causas dos LGBT no Piauí. A militante participou de debate sobre o assunto no Jornal do Piauí desta quarta-feira (11) que contou também com a participação do médico hebiatra, Antônio Noronha, e da psicóloga Alessandra Sousa.
Tudo se passou quando Carmen fazia a 7° série e tinha 16 anos. Por ser considerada diferente das demais alunas, sofria agressões psicológicas referentes ao seu peso e sua opção sexual. “Eu tinha 16 anos, era gorda e estava me descobrindo lésbica. Minhas amigas simplesmente deixaram de falar comigo, não me colocavam mais nos grupos de trabalho, me isolaram”, relatou.
As agressões psicológicas seguiram por cerca de dois anos. Nesse período, Carmen passou a tirar notas mais baixas, chegando até a reprovar a série. “O pior dia da minha vida escolar foi quando eu entrei na sala e tinham pinchado a minha carteira. Colocaram ‘Carmen Sapatão’, estava todo mundo lá, sorrindo. Foi terrível”, lembrou.
A então adolescente, não comentou sobre o assunto em casa, com medo do que os pais poderiam pensar sobre sua opção sexual. “Eu achava que se eu contasse para alguém as pessoas também iam achar que eu era lésbica e eu não tinha certeza disso. Nem sabia direito o que estava acontecendo comigo. Além disso, minha família é muito religiosa, eu nem conseguia me imaginar falando sobre isso”, explicou.
Na escola, apenas uma professora percebeu o que estava acontecendo com uma aluna, mas não solucionou o problema porque Carmen não conseguiu desabafar. “Eu não sabia como contar isso para alguém. Minha professora de português veio me perguntar o problema, mas eu não falei nada. Eu tinha vergonha, tinha medo da reação das pessoas”.
Reações distintas
No debate, o médico hebiatra Antônio Noronha, e a psicóloga Alessandra Sousa explicaram que cada pessoa tem sua própria maneira de reagir ao bullying. “Depende da noção que cada um tem do que é ou do que não é. Uns são mais fortes, outros são mais fragilizados”, disse a psicóloga.
Já o Dr. Noronha explicou que a criação dos jovens também influencia na sua maneira de agir. “Depende também da relação que o jovem tem com os pais dentro de casa. Se ele tiver segurança e espaço para conversar sobre qualquer assunto, ele não vai sofrer as agressões calado”.
A superação
“Eu me assumi lésbica com 18 anos e, a partir daí, sabendo o que eu sou e como eu sou, ficou mais fácil enfrentar a situação. Mas mesmo assim, as coisas só passaram quando eu mudei de turno na escola e fiz novos amigos”, relatou Carmen, que hoje faz parte do Grupo Matizes e participa de campanhas para coibir a prática do bullying nas escolas.
“O grupo capacitou 600 professores para que eles possam perceber quando um aluno sofre essas agressões, além disso, também realizamos palestras e oficinas sobre o tema”, finalizou.
Jordana Cury (Especial para o Cidadeverde.com)
redacao@cidadeverde.com
Atualmente, ela é uma das coordenadoras do grupo Matizes, que defende direitos e luta por causas dos LGBT no Piauí. A militante participou de debate sobre o assunto no Jornal do Piauí desta quarta-feira (11) que contou também com a participação do médico hebiatra, Antônio Noronha, e da psicóloga Alessandra Sousa.
Tudo se passou quando Carmen fazia a 7° série e tinha 16 anos. Por ser considerada diferente das demais alunas, sofria agressões psicológicas referentes ao seu peso e sua opção sexual. “Eu tinha 16 anos, era gorda e estava me descobrindo lésbica. Minhas amigas simplesmente deixaram de falar comigo, não me colocavam mais nos grupos de trabalho, me isolaram”, relatou.
As agressões psicológicas seguiram por cerca de dois anos. Nesse período, Carmen passou a tirar notas mais baixas, chegando até a reprovar a série. “O pior dia da minha vida escolar foi quando eu entrei na sala e tinham pinchado a minha carteira. Colocaram ‘Carmen Sapatão’, estava todo mundo lá, sorrindo. Foi terrível”, lembrou.
A então adolescente, não comentou sobre o assunto em casa, com medo do que os pais poderiam pensar sobre sua opção sexual. “Eu achava que se eu contasse para alguém as pessoas também iam achar que eu era lésbica e eu não tinha certeza disso. Nem sabia direito o que estava acontecendo comigo. Além disso, minha família é muito religiosa, eu nem conseguia me imaginar falando sobre isso”, explicou.
Na escola, apenas uma professora percebeu o que estava acontecendo com uma aluna, mas não solucionou o problema porque Carmen não conseguiu desabafar. “Eu não sabia como contar isso para alguém. Minha professora de português veio me perguntar o problema, mas eu não falei nada. Eu tinha vergonha, tinha medo da reação das pessoas”.
Reações distintas
No debate, o médico hebiatra Antônio Noronha, e a psicóloga Alessandra Sousa explicaram que cada pessoa tem sua própria maneira de reagir ao bullying. “Depende da noção que cada um tem do que é ou do que não é. Uns são mais fortes, outros são mais fragilizados”, disse a psicóloga.
Já o Dr. Noronha explicou que a criação dos jovens também influencia na sua maneira de agir. “Depende também da relação que o jovem tem com os pais dentro de casa. Se ele tiver segurança e espaço para conversar sobre qualquer assunto, ele não vai sofrer as agressões calado”.
A superação
“Eu me assumi lésbica com 18 anos e, a partir daí, sabendo o que eu sou e como eu sou, ficou mais fácil enfrentar a situação. Mas mesmo assim, as coisas só passaram quando eu mudei de turno na escola e fiz novos amigos”, relatou Carmen, que hoje faz parte do Grupo Matizes e participa de campanhas para coibir a prática do bullying nas escolas.
“O grupo capacitou 600 professores para que eles possam perceber quando um aluno sofre essas agressões, além disso, também realizamos palestras e oficinas sobre o tema”, finalizou.
Jordana Cury (Especial para o Cidadeverde.com)
redacao@cidadeverde.com
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