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sábado, 29 de outubro de 2011

Piauí pode ter seu primeiro casamento civil homossexual

Parada da Diversidade de 2010 em Teresina

O Grupo Matizes, entidade que luta pelos direitos das lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e transgêneros em Teresina, pretende realizar no mês de novembro um grandeevento com oficialização de casamentos civis entre pessoas do mesmo sexo. A iniciativa tomou força após a decisão favorável do Supremo Tribunal de Justiça (STJ) em autorizar o matrimônio de um casal de gaúchas que vivem juntas há cinco anos.
"O reconhecimento do STJ abre precedente para que os tribunais de cada estado - ou até mesmo cartórios - adotem posição semelhante. Diante disto, queremos promover uma festa com direito a cerimônia de casamento ainda em 2011", afirma Marinalva Santana,
A entidade já está organizando o evento que deve acontecer no dia 19 de novembro, em local a ser confirmado. A festa "Dê Bandeira: viva seu amor sem medo!" teve sua primeira edição em 2008 e desde então vem se tornando uma tradição na capital piauiense.
De acordo com Marinalva Santana, alguns casais já sinalizaram ao Grupo Matizes interesse em entrar com o pedido oficial de casamento, mas ainda não há nenhum enlace confirmado.
Para maiores informações a entidade, situada na Rua Lizandro Nogueira, nº 1223, sala 307, no centro de Teresina, disponibiliza os telefones de contato: 9991-3782 e 8816-8121.
União estável é diferente de casamento civil
Em maio deste ano, o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a união estável entre casais do mesmo sexo como entidade familiar, assegurando assim direitos como pensão e herança. No entanto, este reconhecimento não interfere no estado civil do casal que continua como solteiro.
Por outro lado, ao oficializar o casamento civil, além de legalizar solenemente a união entre duas pessoas, elas também mudam seu estado civil para casado, dentre outras características que o diferencia da união estável. Os casais homossexuais no Brasil, oficialmente, ainda não possuem o direito ao casamento civil.
Em Teresina, após a decisão do STF, o Grupo Matizes e a Liga Brasileira de Lésbicas realizaram uma solenidade de registro coletivo de união estável entre pessoas do mesmo sexo em praça pública.

FONTE: PORTALODIA.COM

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

'Casamento gay é tendência jurídica', diz OAB sobre decisão do STJ

Glauco AraújoDo G1, em São Paulo



A Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) considera uma tendência no judiciário a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) em reconhecer o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Com quatro votos dos cinco ministros da 4ª turma do tribunal, foi autorizado o casamento de um casal de gaúchas, que já vivem juntas há cinco anos. O julgamento foi realizado nesta terça-feira (25).

"Para nós, essa decisão é mais uma inflexão desse debate no país. O Supremo [STF] ter decidido de forma favorável à união estável foi um passo. Outros passos também foram importantes, como o próprio STJ ter decidido pela permissão de adoção por casais homossexuais. A tendência é que o ordenamento jurídico seja unificado", disse Jaime Ásfora, da Comissão de Direitos Humanos da OAB.

A decisão que beneficia o casal gaúcho não pode ser aplicada a outros casos, porém abre precedente para que tribunais de instâncias inferiores ou até mesmo cartórios adotem posição semelhante.

"O cenário ideal, para nós que defendemos um país de igualdade de direitos, onde a Consituição diz que todos devem ser tratados de maneira igual, independentemente de credo ou raça, seria alteração do texto da Constituição, mas isso não podemos dizer que vai acontecer e quando vai acontecer. O STF, quando provocado, irá decidir da mesma maneira que o STJ", disse Ásfora.

Foi a primeira vez que o STJ admitiu o casamento gay. Outros casais já haviam conseguido oficializar os relacionamentos em âmbito civil em instâncias inferiores da Justiça. Neste caso, porém, o pedido chegou ao STJ porque foi rejeitado por um cartório e pelo Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul.

"Serão minorias os juízes que não acham possível o casamento homossexual, que isso só seria possível se mudar a constituição, isso está ficando ultrapassado. O Congresso precisa ter coragem para fazer o que precisa ser feito e que o povo cobra que seja feito, que é adequar a Constituição com essa realidade de casais do mesmo sexo", afirmou o representante da OAB.

O primeiro casamento civil no país ocorreu no final de junho, quando um casal de Jacareí (SP) obteve autorização de um juiz para converter a união estável em casamento civil.

Segredo de Justiça
O casal entrou com o pedido de casamento civil antes mesmo da decisão do Supremo Tribunal Federal, em maio deste ano, que equiparou a relação homoafetiva à união estável. A identidade de ambas não pode ser revelada porque o processo tramita em segredo de Justiça.

Elas pediram em cartório o registro do casamento e, diante da recusa, resolveram entrar na Justiça. Mas o Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul julgou improcedente a ação, o que levou as gaúchas a recorrerem ao STJ.

Ao reconhecer a união estável entre pessoas do mesmo sexo, em maio deste ano, o STF deixou em aberto a possibilidade de casamento, o que provocou decisões desencontradas de juízes de primeira instância.

Há diferenças entre união estável e casamento civil. A primeira acontece sem formalidades, de forma natural, a partir da convivência do casal. O segundo é um contrato jurídico-formal estabelecido entre duas pessoas.

" A decisão do STJ vai encurtar caminhos aos cidadãos. Vai evitar o desgaste, o esforço que os casais homossexuais precisam tomar para consolidar juridicamente suas relações", disse Jaime Ásfora, da Comissão de Direitos Humanos da OAB.

O advogado do casal, Paulo Roberto Iotti Vecchiatt, sustentou que, no direito privado, o que não é expressamente proibido, é permitido. Ou seja, o casamento estaria autorizado porque não é proibido por lei. Segundo ele, o essencial de qualquer relação amorosa é "formar uma família conjugal, cuja base é o amor familiar. A condição de existência do casamento civil seria a família conjugal e não a variedade de sexos".


terça-feira, 18 de outubro de 2011

Partido Social Cristão (PSC) exclui demais formas de família


Artigo para divulgação e livre publicação.

“UM HOMEM + UMA MULHER = AMOR. ISTO É FAMÍLIA” Será só isso?http://youtu.be/WG4RMt93fqc

Toni Reis *

Assisti indignado e entristecido a esta propaganda, desatualizada e preconceituosa do Partido Social Cristão (PSC), cuja definição de “família” é um homem, uma mulher e seus filhos, somente.

Entendo que esta é uma forma de família, a mais tradicional, que não deve ser desmerecida. No entanto, a propaganda exclui e é ofensiva às demais formas de família que sabida e comprovadamente existem. A propaganda está em compasso com uma ideologia excludente e discriminatória.

Segundo afirmação feita pela Organização Mundial da Saúde já em 1994, “o conceito de família não pode ser limitado a laços de sangue, casamento, parceria sexual ou adoção. Família é o grupo cujas relações sejam baseadas na confiança, suporte mútuo e um destino comum”.

A propaganda ignora os dados do último censo populacional que, entre outras estatísticas, aponta que 51% das pessoas de referência das famílias são mulheres, 17,1% das famílias são compostas por casais sem filhos e 17,4% por mulheres sem cônjuges mas com filhos. Inclusive até a família da presidenta Dilma foi excluída pela propaganda, visto que ela vive somente com a mãe e uma tia.

A propaganda, com seu raciocínio reducionista e binária, deixou de lado todas as outras composições familiares, que incluem as famílias recompostas, monoparentais, ampliadas, comunitárias... Ignorou a decisão do Supremo Tribunal Federal, de 05 de maio de 2011, que reconheceu unanimemente que os casais homoafetivos também formam entidades familiares.

Todas as pessoas têm o direito de liberdade de convicções pessoais, mas um partido político veicular este tipo de propaganda é atentatório aos princípios democráticos da igualdade, da dignidade humana e da não discriminação, entre outros.

Família, pode-se realmente afirmar, significa laços de amor, afetos e responsabilidades, sem exclusão e sem discriminação. Será que o PSC não deveria respeitar a Constituição Federal?

*Toni Reis

Presidente da ABGLT – Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transexuais

segunda-feira, 17 de outubro de 2011

X Parada da Diversidade 26 de agosto de 2011 AV. Raul Lopes Teresina Pia...

GRUPO MATIZES - TERESINA PIAUI - CURTA A DIVERSIDADE - UM CURTA PRODUZ...

GRUPO MATIZES - SHOW DIVAS TRANS - dia 25.08.2011 - BOCA DA NOITE CLUBE ...

MISS GAY ESPERANTINA

A Parada Gay mudou o foco?

Walcyr Carrasco (Foto: reprodução)

Quando surgiram, as paradas gays pretendiam dar visibilidade às lutas pelos direitos homossexuais. Domingo, dia 9, aconteceu a 16ª edição carioca, a mais antiga no país. A de São Paulo foi em junho. Outras aconteceram durante todo o ano e até dezembro mais algumas estão previstas em lugares tão diferentes como Rio Branco, Maceió e João Pessoa. Mas acho que perderam o foco. Tornaram-se uma espécie de micareta com a bandeira do arco-íris. Comecei a formar minha opinião há uns dois anos, ao conversar com um amigo. Anteriormente casado com uma mulher, os filhos já adultos, foi um dos primeiros conhecidos a firmar no papel sua união com o companheiro de muitos anos. Certa ocasião, convidou o filho já adulto para a Parada paulista. O rapaz, heterossexual, espantou-se diante dos trios elétricos repletos de go-go boys dançando de corpos à mostra.

– Pai, é esse seu universo?

Intelectual, avesso à vida noturna, meu amigo tomou consciência de que o evento pouco revelava de sua realidade pessoal. Pelo contrário, a distorcia.

– Fiquei sem jeito diante do meu filho. A Parada reforça uma visão estereotipada do gay, com o som de balada e os rapazes atléticos dançando. Minha vida não tem nada a ver com isso!

Meu amigo é radical? Fiquei imaginando o que seria uma parada hétero em moldes idênticos. Trios elétricos, som de raves. Dúzias de garotas seminuas pulando enlouquecidas, silicones à mostra. Ser hétero é se relacionar com strippers? Também. Mas isso se refere somente a uma parte específica do comportamento hétero. Então, por que os gays têm de ser conectados por fileiras de go-go boys?

Conhecido por assumir sua homossexualidade em rede nacional no programa Big Brother 8, o psiquiatra Marcelo Arantes esteve na edição carioca. Crítico, questionou em sua página do Twitter:

– Qual é a visibilidade política que a aparência de tumulto traz?

Há também críticas sobre sua mercantilização. Organizadas por entidades diferentes em cada local, todas as paradas seguem um modelo comum: a “venda” de espaços, além do recebimento de patrocínios. Para colocar um trio elétrico, o cliente paga. Mostrar sua marca também custa.

– Entre aluguel de espaço, estrutura, segurança, não se gastam menos de R$ 60 mil, diz André Fisher, do site Mix Brasil e da revista Júnior, ambos destinados ao público gay.

Os eventos são um sucesso. Mas reforçam uma visão estereotipada do homossexual

– Agora só vou como convidado, afirma Fisher.

Comparecem em peso as ONGS e entidades de classe, que não pagam. É justo. Na carioca, havia até um carro dos “Trabalhadores de Telemarketing” e outro dos “Enfermeiros”.

Os eventos são um sucesso, apesar da disparidade das estimativas numéricas: segundo um observador, a do Rio de Janeiro teve 300 mil participantes. De acordo com os organizadores, 1,5 milhão. Sem problema! Estimativas diferentes das oficiais costumam ser comuns em passeatas e eventos de todas as categorias. Também não se pode negar sua importância na conquista de direitos. Desde seu começo, o Movimento Gay ganhou mais visibilidade. Certa época morei no centro de São Paulo, em frente à Praça da República, onde ela se encerrava. Era impressionante o número de famílias com crianças que participavam e, por meio desse contato festivo, tornavam-se mais abertas às questões da diversidade sexual. Justamente por isso, propostas como a recente tentativa do vereador Carlos Apolinário (DEM-SP) de retirar a Parada Gay da Avenida Paulista são fortemente contestadas pela Associação da Parada, de São Paulo. Apesar de lutar para manter a visibilidade geograficamente, os organizadores das paradas não conseguem evitar que elas se transformem em grandes festas, com uma perda sensível dos objetivos iniciais.

Não nego que a violência continua grande no país: os assassinatos e ataques físicos a homossexuais estão aí para provar. Mas a conquista de direitos como a união estável e a adoção de crianças evidencia que a sociedade está mais permeável à aceitação. As paradas em si estão perdendo o fôlego. Seu destino ameaça ser o de qualquer atração turística. Simples curiosidade. Ei! Isso seria o contrário do que todo gay, lésbica ou transexual deseja provar desde sempre: que não são curiosidades.

– A Parada carioca deveria ir para a Sapucaí!, propôs o psiquiatra Marcelo Arantes.

Terminar no sambódromo – ou nos endereços equivalentes em outras cidades – tornará as paradas definitivamentes ocas. Será o triste fim de um movimento que começou político e terminará devorado pelo próprio sucesso.

FONTE: REVISTA ÉPOCA

quinta-feira, 13 de outubro de 2011

solenidade pública para registro de uniões estáveis homoafetivas

Matizian@s,
No dia 19 de novembro próximo, nós do Matizes e da LBL pretendemos realizar mais uma solenidade pública para registro de uniões estáveis homoafetivas (ver modelo de escritura abaixo)
Para isso, estamos procurando casais voluntários que se disponibilizem participar dessa solenidade. Assim, se vc vive em união estável homoafetiva e quer fazer o registro dessa união, favor fazer contato conosco.
Também estamos procurando casais q já tenham o contrato de união estável e queiram pleitear a conversão dessa união em CASAMENTO. Nosso pedido ao Tribunal de Justiça será com fundamento no art. 226, § 3º da Constituição Federal
  • § 3º - Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher (o STF igualou as uniões homoafetivas às uniões entre homem e mulher) como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento

Livro n° 91 1ª via Fls.

ESCRITURA PÚBLICA DECLARATÓRIA DE UNIÃO ESTÁVEL HOMOAFETIVA QUE FAZEM: FULANO(A) E FULANO(A), NA FORMA ABAIXO:

SAIBAM quantos este público instrumento deESCRITURA DECLARATÓRIA DE UNIÃO ESTÁVELHOMOAFETIVA virem que aos dias XX de XXX de 2011, nesta cidade de Teresina, Capital do Estado do Piauí, neste Cartório 3° Ofício de Notas, estabelecido na Rua Lizandro Nogueira n° 1223, Centro, inscrito no CNPJ sob n° 06.718.191/0001-08, compareceram como OUTORGANTES e RECIPROCRAMENTE OUTORGADOS (AS) DECLARANTES: FULANO(A) DE TAL , brasileiro(a), nascido (a) na cidade de xxxxx, em xx/xx/xxxx, ESTADO CIVIL, atualmente convivendo em união homoafetiva, profissão, portador(a) do CPF n° xxxxxxxxx e do RG nº xxxxxx , residente e domiciliada(o) no endereço TAL, e FULANO (A) DE TAL , brasileiro(a) , nascido(a) na cidade de XXXX, em xx/xx/xxxx, Estado Civil, atualmente convivendo em união homoafetiva, Profissão, portador(a) do CPF nº xxxxxxx e do RG nº xxxxx, residente e domiciliado(a) no endereço Tal xxx (se morarem no mesmo endereço, poderá ser dito residentes e domiciliados(as)no endereço TAL. Reconhecidos(as) como sendo os (as) próprios(as) e com capacidade civis, por mim escrevente/ escrevente autorizado, através dos documentos apresentados e que ficam arquivados nestas Notas. Pelos(as) outorgantes e reciprocamente outorgados(as): Fulano (a) e Fulano (a) declarantes me foi dito para fazer prova junto a quaisquer órgãos públicos Federais, Estaduais, Municipais, Planos de Saúde, Seguradoras, Cartórios, Instituições Financeiras , Autarquias em geral e onde mais se fizer necessário, o seguinte: I – Que convivem em união estável homoafetiva, tendo iniciado a convivência em xx/xx/xxxx ainda declarando que permanecem atualmente na mesma união, contínua e duradoura, pública e não eventual, estabelecida com o objetivo de formação e constituição de família; II – Que pela presente escritura declaratória de união estável reconhecem a sociedade de fato, especialmente nos termos da decisão do Supremo Tribunal Federal na Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 4277 e da Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF) nº 132-RJ, que estendeu os efeitos da União Estável para os casais formados por pessoas do mesmo sexo; III – Que fazem a presente declaração sem coação ou induzimento de qualquer espécie e, para nos termos da decisão do Supremo Tribunal Federal , terem assegurados os direitos, benefícios e as obrigações decorrentes da presente, tendo todos seus direitos estendidos , como herança, partilha de bens, da pensão alimentícia, planos de saúde e planos previdenciários sejam eles relativos ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), previdência privada, estabelecer condição de dependência econômica se desejarem e se for o caso, e outros fins e direito que se fizerem necessários. E assim, encerram a presente escritura declaratória, que após lida e achada em tudo conforme outorgam e assinam. Certifico que foram os(as) outorgantes reciprocamente outorgados (as) declarantes advertidos para o conteúdo significativo deste ato, sendo verificado suas capacidades civis, os (as) quais assumem toda e qualquer responsabilidade civil e criminal pelas declarações prestadas. Assim declararam na presença da testemunha a tudo presente que é: Fulano de tal, brasileiro(a), estado civil, profissão, portador(a) do CPF n° xxxxxxx e portador do RG n°xxxx, residente e domiciliado(a) no endereço tal xxxx. Foram apresentados todos os documentos necessários para lavratura deste ato. Instrumento Público válido exclusivamente com os selos de fiscalização e autenticidade na via do usuário. Eu, xxxx, Escrevente/ escrevente autorizado, o digitei. Eu, ____________________________, Tabeliã Substituta, o subscrevo, dato e assino em público e raso.

Assinaturas e encerramento do ato:

___________________________________________________

1º(ª) Outorgante/ outorgado(a):

______________________________________________________

2º(ª)outorgante/outorgado(a) :

_____________________________________________________

Testemunha:

Em test° _____ da verdade

Teresina, xx/ xx de 2011

1ª via

_____________________________

Belª Fernanda Sampaio

Tabeliã Substituta

3° Ofício

P.s - Quem tiver interesse em fazer a lavratura em cartório deve providenciar os seguuintes documentos:
RG, CPF e comprovoante de endereço d@s conviventes;
Certidão de Nascimento (ou casamento com averbação do divórcio) d@s conviventes
O valor da taxa do cartório é R$ 102,66
Saudações Matizianas

terça-feira, 4 de outubro de 2011

Dicas para "sair do Armário"

O Dia de Sair do Armário, 11 de outubro, que passa a ser comemorado no Brasil a partir de 2009 por iniciativa do Estruturação - Grupo LGBT de Brasília, quer justamente suscitar essa reflexão. Até que ponto aceitar ter uma vida cheia de máscaras? Qual o limite de ficar "agradando" ou "não decepcionando" pessoas imaginando que elas nos amam de verdade sendo que, de forma real, elas só lidam com um "personagem" que interpretamos por não nos assumirmos? Vale realmente a pena sacrificar a própria felicidade em nome da alegria da mãe, do pai, da vizinha, do padeiro, do chefe, da "melhor" amiga, do ex-professor etc, etc? Você pensa na felicidade dos outros, mas quem pensa na sua?
Por tudo o que foi exposto, vejam as indicações a seguir não como normas, mas sim como considerações sobre formas de se assumir homossexual, bissexual, travestis, transexual ou transgênero. Tudo isso em nome da única regra que realmente deve ser seguida: sermos felizes como realmente desejamos e temos direito de ser.

: : Será que sou?

Está sentindo atração por alguém do mesmo sexo? Tente analisar melhor essa sensação. Leia sobre o assunto, veja alguém aberto para conversar sobre isso com você. Sente-se melhor se comportando socialmente como o sexo oposto? A indicação é a mesma. Sim, você pode ser travesti, transexual ou transgênero. Ou não. Em ambos casos, não antecipe questões. Antes de você se ver frente à dúvida sobre o que vai fazer se você for LGBT, é necessário responder para si mesmo/a se você é ou não homossexual, bissexual, travesti, transexual ou transgênero.
Independente de quando você comece a sentir essa atração, permita-se conhecer o que sente, como seu corpo, sua mente reagem. E aí, uma verdade: pode ser algo passageiro ou não. De novo, por mais difícil que seja, viva as coisas passo a passo. E o primeiro deles tem de ser o diálogo mais fundamental de todos: você com você mesmo/a. E se puder contar com o apoio de alguém que lhe dê confiança, nossa, melhor ainda. Há grupos de ativismo arco-íris também, eles podem te ajudar. Informe-se sobre os da sua cidade.
Ah, sim, na adolescência, as questões que envolvem identidade, desejo e amor são ainda mais inquietantes. E saiba que isso é normal. É a fase mesmo para descobertas tanto do mundo quanto de si mesmo/a. E o "privilégio" de ter de lidar com tantas perguntas não é só seu. Não mesmo. Seja hétero, LGBT ou "em dúvida", cada um/a passa pela necessidade de se achar no mundo. Encare esse período de forma natural.

: : Acho que sou. E agora?

Quer seja você hétero, homo, bissexual ou travesti, transexual ou transgênero tenha consciência plena que você não é uma aberração, alguém doente, errado, que deva ser "consertado/a" ou 'curada/o". Ser LGBT é tão normal quanto ser heterossexual. Sua sensação pode ser colocada como a de um negro em meio a uma sociedade que coloca como bom ou certo apenas o que é de outras etnias. Não é você que está errado/a por ser como você é, os outros é que devem deixar de ver a diversidade como algo errado. O mesmo vale para as mulheres em um ambiente que valoriza apenas o masculino. Quem está errado são os homofóbicos, os racistas e os machistas, não nós. Vai ser normal surgir o desejo de se ser como "os outros", ser igual.
Agora o ponto: no mundo há tantas etnias, tantas culturas, tantas formas de ver o mundo, tantos jeitos de encarar a vida, tantas religiões.. E há gente baixa, alta, gorda, magra, punk, mano, patricinha, "paz e amor"... A lição está aí, basta a assimilarmos: o ser humano é diverso. E quem tentou ou tenta deixar as coisas iguais só merece sentir vergonha por lutar contra algo que nos faz essencialmente humanos. Ser LGBT é apenas mais uma característica de cada um/a.
Continuaremos a ser pessoas com sonhos, com defeitos, com momentos de tristeza e de alegria, com peculiaridades e tudo mais. O segredo é você ter firme dentro de si mesmo/a: "Seja qual for a resposta que eu encontre sobre minha sexualidade e minha identidade, não é ser como a maioria ou não que me fará ser mais errado/a ou menos certo/a do que os outros. Sou eu e ponto. Se diferente ou igual tanto faz. Nos dois casos, mereço ser feliz e respeitado/a pelo o que sou".


: : Qual o momento certo para sair do armário?

Nem comece a pensar que o momento "certo" de se assumir tem a ver com a idade. O tempo que deve ser levando em conta é quando você se sentir bem, primeiramente, com você mesma/o. Esse é o "relógio" que deve ser consultado. Imagine ir para uma prova sem ter estudado, você terá condições mínimas para dar conta do recado! Isso vale para a saída do armário.
A primeira coisa que deve estar em sintonia, estar bem é sua cabeça, seus pensamentos. Mas não precisa esperar esse ponto para pedir ajuda a alguém caso precise. Tente ver um/a grande amigo/a (mas de verdade mesmo), um/a professor/a, um parente com o qual você tenha um diálogo bom, um grupo de ativismo arco-íris, um psicólogo... Vai ser ótimo para você ter alguém para conversar, desabafar. Com você fortalecida/o, aí você pode dar o próximo passo: contar para mais alguém, e daí, o outro passo. O caminho acaba se formando.
Claro, claro, ninguém aqui está vendendo a idéia de que será fácil. Nem usamos essa palavra aqui até agora. A razão disso é porque a reação das pessoas pode ser imprevisível. A campanha Dia de Sair do Armário 2009 colheu depoimentos de LGBTs conhecidos sobre o outing deles (leia aqui).
Há gente que ganhou do pai viagem com o namorado, há pessoas que não tiveram a vida em nada mudada e outros que passaram por momentos horríveis. Agora, veja bem a resposta dessas pessoas para a pergunta sobre se é melhor viver dentro ou fora do armário! E fácil.. O que é fácil na vida? Passar no vestibular? Enfrentar o mercado de trabalho? Começar ou terminar uma relação? Fazer o salário durar até o final do mês? É, se fóssemos escolher apenas o que é fácil, é bem certo que não viveríamos.


: : Meus pais... Eles vão me matar! Ou me odiar!
Ou me deserdar! Ou tudo isso junto!

Muitas pessoas dão grande valor à família. E se ver como alguém que vai "destruir" os sonhos que pais, sem nos perguntar nada, tiveram para nós ou que vai ser em carne e osso algo que é contra a religião deles, por exemplo, não é a melhor das sensações. Pode ser devastador.
Voltemos ao ponto que tanto já falamos: o principal de tudo é você se sentir bem com você mesmo. Seja você hétero, gay, lésbica, bi, travesti, transexual ou transgênero. Se você já conseguir ver que sua orientação sexual ou sua identidade de gênero, independente de qual seja ela, só é uma das várias possiblidades de se ser, sem isso significar uma doença ou erro, aí já se terá grande parte do que você precisa para ser feliz. O restante é conseqüência.
Quanto aos pais, familiares ou outras pessoas as quais você quer bem... Que tal ir os testando? Veja a reação deles quando vêem LGBT na TV, por exemplo. Se falarem mal, já comece a educá-los: "Ah, pai, deixa o povo em paz. Cada um é cada um". Viu? Você deu seu recado e não se comprometeu! Ou: "Ah, eu tenho uma amiga lésbica e ela é mó gente boa". Mais um ponto para você. Dessa forma, quem fez o comentário negativo, vai ter de engolir que o discurso contra LGBTs já não é tão aceito assim. Que vivemos em uma época em que respeitar a diversidade tem cada dia mais adeptos e defensores. Se deixarmos os comentários homofóbicos sem resposta, eles vão ganhando força e mais força. E o dia em que você for se assumir... Aí, você poderá colher o que de ruim aquelas idéias possuem.
Longe de isso ser uma receita infalível. É só uma dica para que quem não aceita LGBTs vá descontruindo o preconceito aos poucos. Porque é isso: um "pré-conceito" é uma avaliação que se tem de algo sem realmente conhecer sobre o que se fala. Para contrapor isso, é educação, é mostrar as coisas. Quando as pessoas vêem que somos como elas, que pegamos ônibus, que temos duas pernas, dois braços e adoramos dormir até tarde e lamber embalagem de chocolate derretido, como todo mundo, bom, aí estará vencida a primeira fase para que a homofobia se desfaça.


: : Iupiiii, vou me assumir agora. Assim que terminar de ler esse texto!

Ei, calma lá com o andor porque, no caso, a drag queen tá sem adesivo na peruca e figurino pode despencar. Também não precisa ser assim! Quer dizer, pode ser assim, mas, antes de sair do armário, pense no que de bom pode acontecer, claro, mas também veja se você dará conta do que de ruim pode vir. Sua família pode te expulsar de casa, você pode ser despedido/a do trabalho... Antes de mais nada, saiba de seus direitos para enfrentar isso. Os pais têm a obrigação legal de sustentar o/a filho/a até que ela/e termine os estudos por exemplo.
A maioria da população brasileira vive em unidades da Federação que colocam explicitamente em leis a proibição de atos discriminatórios contra LGBT. Um shopping inteiro pode até ser fechado por conta disso, sabia? Fe-cha-do. No mais, a Constituição é clara: nenhum tipo de discriminação pode ser aceita. Foi demitida/o por ser LGBT? Cabe um processo na Justiça do Trabalho contra isso. E sabe seu salário? Pois é, a indenização pode ser ele multiplicado por alguns bons números. Uma escola permitiu que uma aluna LGBT fosse discriminada? A responsabilidade de evitar que isso aconteça é da direção. Ela deve ser responsabilizada. Uma vendedora fez chacota por você ser LGBT? Lei do Consumidor e Código Penal nela para começar! A questão é essa: quem tem poder hoje em dia não é quem tem força física ou sabe gritar alto. É quem tem informação.
No mais, não precisa também pensar que sua vida será em um cartório processando pessoas e empresas. Cada vez mais a questão da diversidade de orientação sexual e identidade de gênero é debatida no país, defendida por governos e colocada na mídia de forma positiva. Estamos ensinando o Brasil a nos respeitar.
E se nós temos poder? Vamos ficar em apenas dois exemplos: sabe quem faz o maior ato cívico na história no Brasil do descobrimento, em 1500, até hoje? Nós LGBT e milhões de simpatizantes na Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, a maior do mundo. E você saberia dizer quais são as maiores manifestações de direitos humanos da história recente do país? As paradas do orgulho esplalhadas por todos os cantos da nação. E aí, temos força ou não?

Se a saída do armário vai ser agora, amanhã ao meio-dia, ano que vem... Enfim, isso não é o mais urgente. A questão principal é vermos a cada dia se estamos deixando de ser completas/os, se estamos tornando nossa vida uma mentira em nome do que os outros querem e não do que nossa felicidade precisa para acontecer. O processo pode ser lento ou rápido, o que não pode ocorrer é ele não existir. Porque a dor de olhar para trás em nossas vidas e vermos que só vivemos em função dos outros e nunca em nome do que sonhávamos... Isso sim é deve ser difícil enfrentar. E tempo é algo que não se recupera.

Sejamos, todos e todas nós, felizes! Boa saída de armário para todas/os. Boa entrada em uma vida mais plena também!


Esse texto faz parte da campanha Dia de Sair do Armário 2009.
Conheça as várias ações realizadas aqui

Fotos: Antenna, Photodisc, Stockbyte, Ryan McVay e Image Source