O leão, a raposa e a formiga
Por Marinalva Santana*
Era uma vez um a pequena província, chamada Panis et Circenses. Nessa província, governada por um feroz e temido leão, faltava o pão para muitos, alguns loucos brigavam por Justiça, mas geralmente prevalecia a razão do rei leão e seus apaniguados.
Certo dia, um importante galinheiro da província foi acometido por uma tragédia, ceifando a vida de um de seus mais loquazes integrantes do conselho superior.
O leão mão-de-ferro foi ao velório e, lá chegando, encontrou o chefe do clã dos urubus. Em reservada conversa, os dois trataram da sucessão do defunto.
Mesmo tendo feito um acordo com o urubu-rei, o leão, apaixonado, resolveu mudar de idéia e passou a defender o nome de uma raposa para ocupar o conselho superior.
Todos os habitantes da Província se insurgiram contra mais essa decisão do leão feroz, sob o argumento de que, pela lei da natureza, uma raposa não pode cuidar de galinheiros.
O poderoso leão ignorou os apelos populares e, em mais um rompante de prepotência e abuso de poder, usou de todos os meios para garantir que a raposa pudesse ser aclamada como nova integrante do conselho galináceo.
Com sua truculência, o leão feroz convenceu 25 cordeirinhos da assembléia dos porcos a votarem na raposa.
Mesmo sob muitos protestos, inclusive da representante dos viados e sapas, a raposa se apossou do novo cargo. Cheio de empáfia, o leão imaginava que jamais poderia ser contrariado na decisão de agraciar sua amada.
Um belo dia, aparece uma discreta e laborosa formiga que, usando das atribuições que lhe foram dadas pela Assembléia Nacional Constituinte, estanca todos os efeitos da decisão absurda tomada pelo Rei Leão e, prontamente, acatada pela insuspeita Assembléia dos Porcos.
Moral da estória: Nem sempre, a razão do mais forte é a que prevalece.
Marinalva Santana, militante do Matizes e defensora dos Direitos Humanos
Apenas destacar o trecho.
ResponderExcluir"Com sua truculência, o leão feroz convenceu 25 cordeirinhos da assembléia dos porcos a votarem na raposa".