Para os ativistas, a
decisão judicial que autoriza a terapia de "reversão sexual" representa
um retrocesso e um perigo à saúde de gays, lésbicas e bissexuais.
Dezenas de pessoas se reuniram,
no final da tarde desta segunda-feira (25), na avenida Frei Serafim, em
um ato pela revogação da liminar que dá autorização para psicólogos
poderem tratar a homossexualidade como doença. Apesar do clima festivo,
os manifestantes se posicionaram com cartazes em mãos para chamar a
atenção da população teresinense sobre a polêmica. Para os ativistas dos
direitos LGBT, a decisão judicial representa um retrocesso e um perigo à
saúde de gays, lésbicas e bissexuais.
O
ato foi organizado por entidades e movimentos organizados da sociedade
civil, entre eles, o Conselho Regional de Psicologia, Conselho Regional
de Serviço Social, Grupo Matizes, Grupo Piauiense de Transexuais e
Travestis e pela Liga LGBT. De acordo com a coordenadora do Grupo
Matizes, Marinalva Santana, a manifestação teve como objetivo reafirmar a
importância da resolução 001/99 do Conselho Regional de Psicologia,
considerando que a homossexualidade não constitui doença, nem distúrbio e
nem perversão.
“Nós vemos essa
decisão como um retrocesso. Uma resolução que estava em vigor há 18
anos, e um juiz através de uma canetada quer cassar uma conquista
histórica, tanto da sociedade, como dos profissionais da área da
psicologia e do movimento LGBT. Estamos aqui para protestar e dizer que
não vamos aceitar passivamente essa retirada de direitos”, afirma,
acrescentando que a decisão é um reflexo de uma onda conservadora que
tem crescido no Brasil nos últimos anos.
Para
a coordenadora do Grupo Matizes a decisão é um reflexo de uma onda
conservadora que tem crescido no Brasil nos últimos anos. (Foto: Jailson
Soares/Jornal O Dia)
Para
a presidente da Comissão de Direitos Humanos do Conselho Regional de
Psicologia, Elizandra Pires, a liminar reforça o preconceito e a
estigmatização de gays, lésbicas e bissexuais. Além de provocar o
adoecimento dessa população. “Essa forma de tentar adequar a pessoa
dentro da sociedade pode aumentar a angústia, a ansiedade e até
tentativas de suicídio. Já foi comprovado cientificamente que não tem
como a orientação sexual ser como colocada como um problema de
adoecimento, uma patologia”, afirma.
Para
a presidente da Comissão de Direitos Humanos do CRF, a liminar reforça o
preconceito e a estigmatização de gays, lésbicas e bissexuais. (Foto:
Jailson Soares/O Dia)
A
psicóloga destaca ainda que o grupo de psicólogos responsável pela ação
judicial trabalham dentro de uma vertente que não é científica,
constituindo, assim, exercício ilegal da profissão. “A partir do momento
que você trabalha com a possibilidade de uma coisa que não foi testada
cientificamente, você não trabalha com ciência. Quando você começa a
trabalhar se intitulando como psicólogo, e trabalhando com práticas que
não são da psicologia, isso é exercício ilegal da profissão”, pondera.
O
ato composto por jovens, adultos e até animais de estimação, também
pontuou a retirada da transexualidade de dentro do rol de patologias
pela Organização Mundial de Saúde e pelo Conselho Federal de Psicologia.
“Também estamos aqui para tirar transexualidade do rol de doenças e
transformá-lo em modo de ser, assim como a homossexualidade”, explica a
coordenadora do GPTrans, Maria Laura dos Reis.
A
presidente do GPTrans afirma que a luta também engloba a retirada da
transexualidade do rol de patologias da OMS. (Foto: Jailson Soares/O
Dia)
Entenda
A
Justiça Federal do Distrito Federal concedeu uma liminar, no último dia
15 de setembro, que abre brecha para psicólogos tratarem a
homossexualidade como doença. Por meio do documento, o juiz federal,
Waldemar Cláudio de Carvalho, determinou que o Conselho Federal de
Psicologia não proíba psicólogos de realizar atendimentos orientados
para uma “cura gay”, alegando que a proibição atenta contra a liberdade
profissional. A ação foi movida por um grupo de psicólogas (os)
defensores da prática e gerou uma repercussão negativa entre movimentos
sociais, entidades da área da saúde e entre a própria população LGBT.
Veja fotos do ato:
(Fotos: Jailson Soares/ O Dia)